quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A vida vai andando em linha reta, de repente dá uma cambalhota, a linha dá um nó sem ponta.” - Milton Hauton

Li essa frase (a do título do post) há umas 3 semanas no twitter...
Acho que foi Vanessa da Mata quem postou, falando sobre um livro (não vou lembrar o nome, mas vou procurar pra não deixar passar batido.). 
Eu li, reli e fiquei com ela na cabeça.
Até postei no Facebook, pra deixar registrado.
Fala sobre as surpresas que a vida nos faz.
Essa 'cambalhota" que acontece de repente e muda tudo.

Venho seguindo um rumo que tracei num determinado momento da minha vida e esqueci de parar para pensar se é isso que eu realmente desejo.
Apenas fui deixando acontecer.
De repente, me vejo aqui um tanto desnorteada.
Parecendo uma adolescente recém saída do Ensino Médio, sem saber a profissão que vai seguir.

Aos 14 anos, meus planos para o futuro eram: 
Fazer teatro aos sábados e cursar faculdade de Jornalismo.
Não sei dizer exatemente o motivo pelo qual não fui atrás dessas coisas.
Enfim.
Passados alguns anos, me deixei guiar pela pressa (e necessidade) em trabalhar e fui cursar Telecomunicações no Senai.
Sem ao menos tentar o vestibular (naquele instante, já havia desistido de Jornalismo e só pensava em Letras).
As condições vividas naquele momento, só me faziam pensar no óbvio, no mercado de trabalho, num curso que me oferecesse possibilidades de emprego imediato ao concluí-lo.
E foi assim que optei por Telecom.
Exatas nunca foi meu forte.
Trabalhar na área técnica, nunca fez parte dos meus objetivos.
Senti uma certa dificuldade para me adaptar àquele mundo.
E em pouco tempo de curso, já estava trabalhando na Secretaria de Educação.
Outra área, mas novamente com "exatas".
Eram planilhas, faturas, notas fiscais, cálculos...
O que despertava meu interesse naquele emprego, era ver o resultado.
Era conseguir a liberação do recurso do Governo para as escolas cadastradas ao Programa e ver que tanto os alunos, quanto seus familiares estavam sendo beneficiados por oficinas profissionalizantes e de lazer.
Quantas pessoas estavam deixando seu tempo ocioso, para se dedicar ao teatro, à cultura, às artes e afins.
Muitos, tornando-se cidadãos e repassando aquilo que aprendiam.
Eu precisava desses "resultados" para continuar em meio à papéis e contas.

Resumo da ópera:
Concluído o curso, pedi demissão do emprego.
Já não me satisfazia, em relação ao salário (aguentei 5 meses sem receber!) e também na relação pessoal. 
Fiquei indignada com o tipo de gente que conheci naquele ambiente. 
Mas passou.
E nesse "passou", acabou passando tanta coisa.

São ciclos que se encerram para que comessem outro. 
Outros...
Acho que já não há mais tempo para adiar alguns planos.
Não é viver de sonhos.
Descobri uma realidade muito dura, logo cedo.
Desde criança.
Mas nunca esmoreci.
Sempre cultivei sonhos, desejos, ainda que escondidos lá no fundo da alma.
E eles ainda existem.

Sempre fui "coração". 
Nunca "razão".
O "exato" sempre foi muito chato, muito certo.
Tendo em vista que a vida é Humana e nunca Exata.
E é essa a graça de se viver!
Essa "cambalhota" que a vida dá de repente, é essencial para nossa sobrevivência.
 
Posso não saber o que quero agora, mas sei o que não quero.
Estou no momento de dicisões.
Vejo que continuarei nessa área, pelo menos por enquanto.
E isso não vai me fazer mal, faz parte do processo.
Mas vou dar o primeiro passo à mudança.
Talvez não seja agora.
Talvez seja no próximo ano.
Mas voltei a pensar em outras possibilidades.

Enquanto isso, sigo em frente.

Fica a frase de Pe. Fábio de Melo, que fala tão bem do amor próprio. 
E por conseguinte, do respeito a si mesmo.

"Quando digo que amo a Deus, estou dizendo no avesso desta frase que amo a mim também. 
Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. 
Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si próprio, pelo respeito por si mesmo. 
Deus nos quer cuidados. 
Você precisa redescobrir a graça de se amar."

Redescobrir a graça de se amar e de fazer o que se tem vontade. Essa é a lei.
E às vezes é preciso levar um "chacoalhão" da vida, para se dar conta do rumo que está tomando.
E às vezes, esse "chacoalhão" é dado por alguém que está perto de você, e que de longe, consegue lhe enxergar melhor do que você imagina.
Aconteceu comigo.

Ah! O livro que citei (que vi no twitter de Vanessa da Mata) foi Dois Irmãos", de Milton Hauton.