Acordei tão cedo.
Na pressa para tomar banho, café da manhã e ir trabalhar.
Enquanto estava no metrô, em meio àquela multidão, fui pensando numa música de Chico Science.
'Rio, Pontes e Overdrives'...
Acho a cara de Recife.
E nessa lembrança repentina, pensei no último carnaval em que ele apresentou-se com a Nação Zumbi.
Na Guararapes.
Eu estava lá.
Assisti aos shows de Alceu, Moraes, Elba...
Mas, fui embora na hora da apresentação de Chico.
Isso mesmo!
Bem, eu não tinha escolha.
Estava na companhia da minha tia e ela quis ir embora.
Estava tarde e ela nem conhecia Nação!
Lembro do meu primo todo revoltado, querendo ficar, rs
Mas éramos crianças (eu tinha 10 anos).
Não tínhamos escolha.
Enfim, foi o último show dele no carnaval Pernambucano.
Quem pensaria que no ano seguinte nosso 'porta-voz' não estaria mais entre nós?
Tenho maior orgulho de ser conterrânea desse cara.
O mangueboy que revolucionou a história da nossa música popular.
Junto com Mundo Livre S/A, Otto, Rogêr e outros pernambucanos, Chico deu um passo à frente e já não estava no mesmo lugar.
Fez o mundo voltar os olhos à nossa terra.
Numa época em que Recife foi eleita pela ONU como a quarta pior cidade do mundo para se viver, foi feito um manifesto (escrito por Fred Zero Quatro) intitulado de 'Caranguejos com Cérebro' Manifesto - Leia Aqui e foi o começo de todo o movimento Mangue Beat.
O resto, todo mundo já sabe.
Esse movimento agitou o Estado, influenciou a nossa arte (cinema, teatro, música e moda) e fez com que valorizássemos nossa cultura.
Foi um marco.
Desde então, o carnaval nunca mais foi o mesmo.
A cidade ficou mais bonita, valorizada, ritmada...
E até hoje está presente no nosso cotidiano.
Ainda que como uma mera lembrança enquanto pega o metrô para ir trabalhar...
'Uma cerveja antes do almoço é muito bom, pra ficar pensando melhor!'
Gabi
