Hoje
cheguei cedo ao trabalho e corri quando na entrada do prédio, vi que o elevador
estava para fechar. Consegui entrar! Dentro, estavam um senhor e uma moça
gestante. O senhor fez uma bonita oração para o bebê que a moça carregava em
seu ventre. O senhor deu três medalhinhas de Nossa
Senhora da Conceição para ela, o marido e o filho. A moça desceu no terceiro
andar. Eu que apertei o número 6, continuei no elevador, acompanhada pelo tal
senhor, que me olhou e também me ofereceu uma medalhinha de Nossa Senhora.
Aceitei e agradeci. Sexto andar. O elevador se abriu e antes que eu pudesse
sair, ele segurou a porta e me deu três sementes de Bonina. Disse que eu
plantasse, que a planta cresce lindamente. Mais uma vez, agradeci. Confesso que
desci impressionada com tamanha delicadeza. Com tamanha sensibilidade. Com o
bom humor matinal daquele senhor, logo tão cedo. Infelizmente, acostumei-me com
aqueles ranzinzas que nem respondem ao meu bom dia. Por isso, fiquei tão grata
à gentileza em um pequeno gesto de bondade e simpatia desse senhorzinho. É bom
lembrar que ainda existem pessoas assim. Minha manhã começou tão bonita! E olha
como tudo acontece: há quase um mês, pensei em comprar um vazo e plantar. Seria
uma forma de exercitar a minha paciência, pois o plantio requer um cuidado e é
um processo demorado. E hoje acontece isso. Agora já tenho as minhas sementes.
Vou providenciar um vazinho e começar o meu pequeno jardim. São pessoas assim
que me fazem acreditar ainda no ser humano. São pessoas assim que fazem valer o
bom dia que pronuncio diariamente, mesmo que não me respondam. A moça gestante
que repetiu a oração do velhinho, carrega em seu ventre um menino que se
chamará Miguel. Miguel é nome de anjo. E eu, que sempre acreditei em anjos (parafraseando
Lispector), posso dizer que justamente por eu acreditar, eles existem. E estão
perto de nós o tempo todo. E revelam-se em pequenos detalhes do dia a dia.
Gabi
