quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Diariamente...
A última semana do ano...
Que estranhamente está passando lentamente.
Ok, é impressão minha. Eu sei.
O tempo passa igualmente todos os dias.
Mas me deu essa sensação.
Estou curtindo todos os dias de forma intensa.
Me despedindo mesmo desse ano que foi intenso.
Marcante.
Definitivo.
Alguns acontecimentos, não tem jeito. Serão levados comigo para 2012.
Pois estão marcados na minha mente, na minha pele, na minha alma e no meu coração.
É impossível traduzir em palavras tudo o que aconteceu.
Até por que, algumas coisas ainda estão sendo assimiladas.
É, não sou tão rápida de raciocínio...
O que acontece, vai sendo digerido lentamente por mim.
Sempre demorei para comer. Mastigo devagar.
Gosto de sentir no paladar o gostinho da comida e isso facilita a digestão.
Metaforicamente falando, é isso.
A vida é assim pra mim.
Tento degustar tudo o que acontece, o máximo possível.
Isso não impede que eu venha a ter uma má digestão.
Não sei se são grilos meus, mas presto muita atenção no que as pessoas falam.
Nas palavras.
Ah, as palavras!
Essas me encantam.
Tiro-as do contexto, para saber seu significado.
Devolvo-as para a frase em que foi colocada e penso, repenso...
Confesso, às vezes acabo tornando uma simples frase em algo monstruoso.
Estranho isso.
Sempre fui bem em interpretação de texto!
Mas quando as frases saem da boca das pessoas, mudam muito o seu significado.
Minha paixão pelas palavras, letras e textos, vem desde criança.
Já falei sobre isso em algum post.
Meu pai dizia que eu morava dentro dos livros!
E acho que era isso mesmo.
Me sentia segura ali...
E gostava de escrever.
Quando eu tinha 16 anos, passei por um problema de saúde gravíssimo.
Minhas mãos inchavam, eu sentia tanta dor que não podia pegar um lápis.
Ia para a escola e trazia o caderno de uma amiga para casa, para que minha irmã copiasse por mim.
Aquela situação me angustiava.
As dores que antes eram nas mãos, passaram para os ante-braços.
Eu chorava!
Me angustiava a sensação de não poder mais escrever.
Fui a três médicos, e sempre o mesmo diagnóstico:
Tendinite, disseram.
Tomei tantos remédios.
E a cada semana eu piorava.
Suspeitaram de reumatismo, até.
Fiz exames até para saber se tinha leucemia.
Sim, procurei o 4º médico, que passou vários exames e levantou várias possibilidades.
Mas apenas com a minha resposta à uma pergunta feita por ele, foi descoberta a minha doença.
'Quando você está fora de casa, sente dor?'
'Não', respondi.
Pronto.
Estava esclarecido.
Era emocional.
Isso me irrita, mas sou muito sensível.
Sensibilidade essa que por vezes beira à fragilidade.
Eu não falava o que sentia, não expunha meus sentimentos.
De alguma forma, aquilo precisava se mostrar.
Sair.
O meu corpo respondia dessa forma.
Não precisei tomar mais remédios.
A dor cessava quando eu saia de casa.
Quando estava acompanhada dos amigos.
E depois, aprendi a lidar com a situação.
Graças a Deus, hoje não tenho nada.
Caramba, só agora caiu a ficha de que já se foram 10 anos!
Não gosto nem de pensar como seria ficar sem escrever...
Só escrevi isso aqui, por que hoje terminei minha leitura do livro 'UMA DUAS' (Eliane Brum).
Não será nesse post que falarei sobre o livro, só digo uma coisa, quem tiver oportunidade, que o leia.
É tenso.
Cru.
Visceral.
E no livro, as personagens estão o tempo todo variando entre a leitura e a escrita.
Aí me deu vontade de escrever também.
Celebrar minhas mãos sadias.
E é isso.
Quarta-feira.
A última de 2011.
Estou me despedindo como posso, não quero me prender a esse ano.
Mas ele me marcou.
Como o início de uma nova pessoa...
E a gente vai mudando a cada dia, a cada aprendizado, a cada derrota, a cada tristeza, a cada surpresa, a cada alegria...
E a transformação, por fim, acontece assim.
Diariamente.
Gabi
