quarta-feira, 27 de março de 2013

E viva a festa da Xuxa!



Lembro-me de que quando criança, gostava de ouvir estórias. Nunca fui de conto de fadas. Eu ouvia as que meu pai me contava, criadas por ele sobre sua infância vivida numa usina. Não havia reis, príncipes ou princesas. Eram invenções, lendas sobre o homem de três metros, do famoso Zé Perninha, da mulher que se transformava em objetos, da menina que morreu de susto, da Cabra e Cabriola, sobre os cachorros (Reck e Diana) que faziam compras na barraca da rua e por aí vai. Cito esse exemplo como ponto crucial por minha paixão pelos livros. Eu ficava encantada ouvindo aquelas estórias! Viajava no que ele falava, cada noite era uma verdadeira aventura. É claro que depois fui crescendo e sabendo que tudo não passava de invenções dele. Esses episódios se repetiram até os meus 13 anos. Mas eu nunca deixei transparecer (depois de grande) que eu não acreditava mais. Era bom vê-lo contar com tanta vontade. Eu não podia de repente dizer que era tudo mentira. E de certa forma, não era. O ser humano tem o dom de criar, escrever, encantar. E isso sim é verdade.

Pois bem, apesar de ouvir estórias criadas pelo meu pai, logo cedo eu descobri uma rainha. Apenas uma. Era uma rainha que toda manhã descia numa nave espacial e aterrizava na TV. Era na companhia dela que eu ficava enquanto a minha mãe estava nos seus afazeres domésticos. E era no final do programa que eu e minha irmã corríamos para fora de casa na intensão de ver a nave passar. Essa rainha me fez acreditar em três palavras mágicas: QUERER, PODER e CONSEGUIR. Mostrou-me a beleza das cores, o encanto do abecedário e me iluminou com sua Lua de Cristal. Essa rainha hoje completa 50 anos de vida. E eu venho aqui no meu blog, apenas para escrever e desejar toda felicidade desse mundo. Foi através dela que conheci pessoas maravilhosas que fazem parte do meu pequeno círculo de amizade. É a mesma rainha que um dia segurei a mão, que olhou (com aqueles olhos azuis) bem dentro dos meus olhos e sorriu fazendo-me relembrar os melhores momentos da minha infância. 


Eu já não sou mais baixinha. No alto dos meus 27 anos, não tenho vergonha em dizer que sou fã de Xuxa. Que já corri atrás de van para pegar uma foto, já fui ao hotel, passei o dia inteiro na rua esperando para assistir a uma gravação em Recife. Xuxa foi a primeira artista que admirei. Sonhava em ser paquita, apenas para estar perto dela e viver aquele mundo mágico do Xou da Xuxa. São momentos que eu vivi e que jamais vou esquecer. As festinhas de aniversário, as bonecas, as brincadeiras... E é essa rainha que merece todo o meu respeito, não só por ser essa profissional que ela é. Mas por toda graça e luz que ela emana. Por seu engajamento social, por seu amor às crianças, por seu respeito ao próximo e simplesmente, por ser quem ela é, fada, loira, menina... Xuxa.

A minha eterna rainha.

#Xuxa50Anos


Gabi

domingo, 17 de março de 2013

Viva Elis

Pela primeira vez, fui ao Parque Dona Lindu. Na intenção de conferir a exposição Viva Elis (galeria Janete Costa, curadoria de Allen Guimarães). Sobre a exposição, ao meu ver, falta muito para o tanto que Elis representa para a música. Muitas fotos, trechos de frases retirados do livro Furacão Elis (Regina Echeverria), réplicas de figurinos usados pela cantora em suas apresentações e um microfone solto sem maiores informações sobre ele... Ponto alto para a área reservada para quem quiser ouvir os discos e assistir às entrevistas (muito boas, aliás, ela falando era quase tão boa quanto cantando), além de um "cineminha" para assisti-la cantar assim, só a voz, o som bruto de sua voz perfeita. Saí de lá emocionada, com saudade de uma época que infelizmente não vivi. 

"Conheci" Elis há 14 anos (devo ter ouvido bem antes disso, pois minha tia sempre foi fã e ouvia os seus discos), mas sempre pontuo o ano de 1999 como sendo o ano em que de fato, conheci Elis Regina. Foi assistindo ao Vídeo Show (programa transmitido pela Rede Globo) que a vi cantar Como Nossos Pais (Belchior) numa gravação para o Fantástico, em um cenário bonito, com alguns bonecos no fundo do palco, onde ela cantava e interpretava de uma forma tão forte, que parei para prestar atenção ainda incrédula do que acabara de ver. Era algo muito forte! Uma voz! Uma afinação! Uma indignação saindo daqueles dentes trincados... Corri para a casa de vovó e procurei tudo o que havia daquela mulher. Peguei o livro e os discos. Passei o resto do dia ouvindo e  copiando as letras, em pouco tempo já havia devorado todas as páginas de sua biografia. Estava resolvido: Elis Regina, minha cantora preferida.



E hoje, dia 17 de Março, comemora-se os 68 anos do nascimento daquela que viria a ser a maior e melhor cantora que o mundo já teve. Sem exagero, eu digo MUNDO. 
Saí da galeria com um nó na garganta, com um choro engasgado, olhos marejados... Eram 20h. Hora em que se encerra a exposição. Saí com uma saudade de algo que eu nunca vivi. Mas vivi, na minha época, ao meu jeito, desde os meus 14 anos. Elis vive. Sim, Elis ainda vive. Há 68 anos.


Gabi