Era essa a minha forma de comunicação.
Através de cartas.
Acho que já falei aqui o quanto eu gostava de escrever.
Minha mãe tem guardadas em uma pasta, todas as cartinhas que eu fazia para ela e para meu pai. Assim também fazia com a minha vó paterna. Vovó Zezé.
Esse é um dos bilhetes que ainda tenho.
Ela escrevia para mim e para a minha irmã.
Eu estava tão nostálgica hoje. Com uma saudade que nem sei de quê.
Ou de quem.
Um vazio assim no coração.
Sentindo falta das pessoas que já se foram.
Da estação de trem até a minha casa, eu tenho quatro opções de caminho.
Sempre escolho o que seria assim, menos perigoso.
Passo por uma ladeira, ando mais. Mas é mais seguro.
E nessa caminhada, fico lá no alto.
Vejo todo o bairro e até uma parte da Igreja de Santo Amaro, Jaboatão.
É uma vista tão bonita.
Quase sempre tropeço, ao olhar para o céu.
Fico vendo as estrelas, ou reparando na lua.
Sou besta, né?
Mas isso ainda me chama a atenção. Sinto Deus ali pertinho de mim.
Ou melhor, me sinto mais pertinho Dele.
E foi assim hoje, que me bateu essa melancolia.
Saudosismo.
Senti uma falta de vovó, que já se foi há quase 17 anos.
Falta daquele colinho, do aconchego.
Aí fui reler as cartinhas, escolhi publicar essa aí.
Tão linda a forma com que ela me via.
Uma santinha?!
Acho que eu era meio assim mesmo.
Tão quieta, calada. Mas muito amorosa com todos que estavam por perto.
Espero que eu saiba conservar esse afeto, esse lado ainda doce.
Sem contaminações da impureza do ser humano adulto.
E que em algum lugar ela esteja me vendo e me amando ainda.
Com todos os meus defeitos de gente grande.
Saudade, vovó.
Muita!
Com amor,
Gabi
