sexta-feira, 13 de abril de 2012

E venceu o bom senso...



O Supremo Tribunal Federal decidiu que aborto de feto anencéfalo não é crime.
Foram dois dias de debate e oito votos (contra dois) a favor da descriminalização do aborto no caso de anencefalia . Após a publicação no Diário de Justiça, a mulher terá assistência médica ao optar pela interrupção da gravidez.
Eu confesso que estava receosa no primeiro dia, mas no desenvolver do debate, me tranquilizei ao perceber que as coisas estavam se encaminhando para esse final.
Veja bem, sempre fui contra ao aborto. Essa é minha opinião particular, com a exceção desse caso e o do estupro. Esse é um assunto muito delicado. Sou católica, mas não deixo que a minha religião me cegue. Ouvi e li muitos comentários de “cristãos” contra essa tema. Mas sei lá, eu acho que estar a favor de que a mulher possa decidir levar adiante ou não a gestação de um bebê sem cérebro, não é ser contra a lei Divina. Sou a favor da vida, sim. Mas não há sobrevida nesse caso! Para mim, ser cristão não é apenas defender essas ‘leis’ impostas pela igreja.  É praticar no dia-a-dia o amor ao próximo, a solidariedade e tentar fazer o bem. Ser do bem. Não quero entrar no mérito religioso, pois não entendo como alguém que defende a vida, de repente repudia uma pessoa por ser homossexual... É muita hipocrisia e falso moralismo escondido por trás de uma bíblia. Melhor não mexer, são assuntos complexos que só vão tornar meu texto longo e chato.
O que eu sei é que fico feliz com essa conquista e respiro aliviada. Não cabe a mim e nem ao Estado, decidir algo tão pessoal. Como já disse, sou a favor de que a mulher tenha esse direito de decisão. É o fim da tortura contra às mulheres.  Venceu o bom senso.

Diante disso, assisti ao documentário dirigido pela jornalista Eliane Brum e pela antropóloga Débora Diniz, sobre a tortura pela qual Severina, uma brasileira, nordestina da cidade de Chã Grande/PE passou ao gerar um feto anencéfalo. No vídeo, é mostrado todo o trâmite legal que foi se arrastando até Severina completar 7 meses de gravidez. A decisão chegou tarde, não era mais possível realizar o aborto e foi feito o parto forçado. É um relato forte, que deveria ser visto por todos que ainda não formaram sua opinião diante desse assunto. De uma mãe que não comprou um berço para o nascimento do seu filho e sim, um pequeno caixão para seu velório. Vale ver. São 23 minutos de Uma História Severina (direção: Eliane Brum e Débora Diniz).


Gabi