segunda-feira, 23 de abril de 2012

O que guardei?



Toda vez que faço minha faxina semanal (que se restringe ao meu quarto e uma vez por mês no resto da casa) encontro alguma coisa antiga. É incrível como isso se prolifera assim. Sábado agora, achei um bilhete dentro de uma agenda de 2004. Agenda essa cuja a capa é a foto de Junior Lima, rs. O bilhete fora guardado por mim, no dia em que fui assistir ao filme 'Cazuza - O tempo não para'. Um carinha, dentro do ônibus, escreveu um 'você é linda, queria te conhecer. Liga pra mim nº mimimi', estava lá o número do trabalho do cara. Lembro que pensei 'esse homem é casado! Só pode!'. E, claro, não liguei. Mas guardei ali. Assim como guardava o papel do bombom, o ingresso do cinema e os recortes de frases de revistas. 

Lembro que na minha infância, eu gostava de juntar tudo o que era tralha. Além dos meus brinquedos, eu guardava bolsas velhas, dinheiro antigo, telefone quebrado, embalagem vazia de talco, perfume e shampoo, lista telefônica, cadernos, livros e muitos papéis. Minha mãe odiava isso. Mas eu, amava! Gostava de improvisar na hora da brincadeira. A página com a tabela periódica virava o teclado do meu "notebook", o dinheiro antigo do meu avô virava o salário do mês da secretária (eu). Era tanta criatividade! Eu vivia embaixo da máquina de costura da minha vó, pegava os retalhos que sobravam e os carretéis quando as linhas acabavam. Eu chegava na casa da minha avó, perguntando: 'vovó, tem alguma coisa velha?' e ela respondia: 'só tem o seu avô.' E eu sempre contra-argumentava: 'é objeto velho, não gente.' Ela achava uma graça! Vovó dizia que eu ia casar com um velho, de tanto que eu gostava de coisas antigas.


Sábado, revirando meus pertences, vi que só restaram lembranças... Ainda me vejo guardando os trecos, aí paro tudo para arrumar e tirar o que não serve mais. Materialmente falando, já não guardo mais nada da minha infância. Eu sempre doava os meus brinquedos para crianças do colégio em que minha tia é coordenadora ou na igreja. Priscila, Luan Carlos, Jéssica, Jemiares, Washington, Nino, Tânia, Tiane, Vanessa, Teca... Esses eram alguns dos nomes dos meus bonecos. Não sobrou nenhum! Yasmin ainda tem umas Xuxas que foram minhas. Ah, lembrei! Tenho o microfone da Xuxa. Está guardadinho. Eu adorava brincar de apresentadora. 

Enfim... Os melhores momentos estão guardados na minha memória. Mas ainda há duas bonequinhas de pano, que ficam na gaveta do meu criado-mudo. Apesar de tudo, ainda há muito de mim por ali...



Gabi